{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2016/06/17/cada-vez-mais-criancas-chegam-sozinhas-a-europa" }, "headline": "Cada vez mais crian\u00e7as chegam sozinhas \u00e0 Europa", "description": "A vulnerabilidade, a todo o tipo de explora\u00e7\u00e3o, das crian\u00e7as - um n\u00famero cada vez maior - que chegam sozinhas \u00e0 Europa.", "articleBody": "Um n\u00famero recorde de crian\u00e7as refugiadas est\u00e1 a chegar sozinhas \u00e0 Europa e a outros lugares, deixando-as vulner\u00e1veis \u00e0 explora\u00e7\u00e3o por traficantes. Quase 100.000 jovens, n\u00e3o acompanhados, pediram asilo por todo o mundo, no ano ado, o triplo em rela\u00e7\u00e3o a 2014, e o n\u00famero mais elevado desde que se come\u00e7aram a fazer registos em 2006, segundo a Ag\u00eancia da ONU para Refugiados (ACNUR). 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O ACNUR diz ainda, no relat\u00f3rio, que os pedidos de asilo aumentaram, globalmente, e que o n\u00famero de crian\u00e7as a viajar desacompanhadas, tem aumentado, em termos proporcionais, a um ritmo mais r\u00e1pido. A diretora-geral da MCE diz das 100.000 crian\u00e7as refugiadas que chegaram sozinhas no ano ado, 42 por cento tinha menos de 15 anos. Das 7.567 crian\u00e7as que chegaram a It\u00e1lia por mar, entre janeiro e maio deste ano, 92 por cento vinha desacompanhada. \u00c0 euronews a diretora-geral da MCE, Delphine Moralis, afirmou que h\u00e1 jovens que est\u00e3o a ser separados das suas fam\u00edlias quando est\u00e3o j\u00e1 a caminho, outros partiram por conta pr\u00f3pria de zonas de guerra como a S\u00edria, ajudados por familiares que vendem tudo para pagar a sua viagem. Delphine Moralis ite que algumas crian\u00e7as fingem ser adultos para aumentar as hip\u00f3teses de lhes ser concedido asilo. Que desafios enfrentam na Europa \u00e0 chegada? 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Segundo Delphine Moralis a pol\u00edcia federal da Alemanha reportou o desaparecimento de 8.600 crian\u00e7as refugiadas, enquanto mais de metade das 1.800, que chegou a uma est\u00e2ncia costeira sueca, fugiu. Para Moralis o importante n\u00e3o \u00e9 se s\u00e3o \u201c10.000 ou 12.000\u201d, o seu desaparecimento \u201c\u00e9 um problema que devemos, realmente, tentar resolver\u201d. A respons\u00e1vel pela MCE acrescenta: \u201cAcho que [o aumento do n\u00famero de crian\u00e7as desacompanhadas] muda o discurso que devemos ter sobre a situa\u00e7\u00e3o dos migrantes. \u00c9 cada vez mais uma crise infantil em vez de uma crise de migrantes e acho que devemos focar-nos nisso.\u201d Porque se sentem, as crian\u00e7as, impelidas a fugir? Moralis diz que a ONG para a qual trabalha estudou sete pa\u00edses daMoralis diz que a ONG para a qual trabalha estudou sete pa\u00edses da UE e que constatou que a maioria n\u00e3o tem prepara\u00e7\u00e3o para evitar que as crian\u00e7as desapare\u00e7am. Tamb\u00e9m diz que o n\u00famero de pessoas que apoia as crian\u00e7as n\u00e3o \u00e9 suficiente. Diz que, em It\u00e1lia e na Gr\u00e9cia, o sistema para encontrar os respons\u00e1veis pelas crian\u00e7as n\u00e3o estava a funcionar, enquanto a Human Rights Watch assinala problemas id\u00eanticos na Su\u00e9cia e na Alemanha. A UNICEF, por sua vez, fala de uma desconfian\u00e7a nas autoridades ou na longa espera para que os seus casos sejam tratados o que leva as crian\u00e7as a fugirem. Moralis fala de uma outra quest\u00e3o. A cada vez maior liga\u00e7\u00e3o entre os traficantes que trazem as crian\u00e7as para a Europa e os que as exploram \u2013 trabalho ou sexo \u2013 quando elas chegam. 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Cada vez mais crianças chegam sozinhas à Europa

Cada vez mais crianças chegam sozinhas à Europa
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A vulnerabilidade, a todo o tipo de exploração, das crianças - um número cada vez maior - que chegam sozinhas à Europa.

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Um número recorde de crianças refugiadas está a chegar sozinhas à Europa e a outros lugares, deixando-as vulneráveis à exploração por traficantes.

Quase 100.000 jovens, não acompanhados, pediram asilo por todo o mundo, no ano ado, o triplo em relação a 2014, e o número mais elevado desde que se começaram a fazer registos em 2006, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Representantes de organizações não-governamentais afirmam que pelo menos 10 mil desapareceram, só na Europa, provocando temores de estarem a ser usados como escravos ou sexualmente explorados.

A Missing Children Europe (MCE) diz que um número crescente de crianças vive à margem das sociedades e que os países da UE devem fazer mais para resolver o problema.

Porque viajam sozinhas tantas crianças?

Na origem desta questão, descrita no relatório da sobre tendências globais do ACNUR, 65,3 milhões de pessoas, em todo o mundo, foram forçadas a fugir. Um número recorde acima dos 59,5 milhões em 2014.

Um dos principais fatores é a guerra civil na Síria, que tem obrigado os refugiados a partirem para o Líbano, Turquia e, em última instância, para os países da União Europeia.

O ACNUR diz ainda, no relatório, que os pedidos de asilo aumentaram, globalmente, e que o número de crianças a viajar desacompanhadas, tem aumentado, em termos proporcionais, a um ritmo mais rápido.

A diretora-geral da MCE diz das 100.000 crianças refugiadas que chegaram sozinhas no ano ado, 42 por cento tinha menos de 15 anos.

Das 7.567 crianças que chegaram a Itália por mar, entre janeiro e maio deste ano, 92 por cento vinha desacompanhada.

À euronews a diretora-geral da MCE, Delphine Moralis, afirmou que há jovens que estão a ser separados das suas famílias quando estão já a caminho, outros partiram por conta própria de zonas de guerra como a Síria, ajudados por familiares que vendem tudo para pagar a sua viagem.

Delphine Moralis ite que algumas crianças fingem ser adultos para aumentar as hipóteses de lhes ser concedido asilo.

Que desafios enfrentam na Europa à chegada?

Uma das razões que leva os jovens a fingir ser adultos é evitar ficarem “preso” no processo de asilo, o que em alguns países pode durar até dois anos.

A UNICEF diz que muitas crianças, especialmente as não acompanhadas, caem na teia dos sistemas de asilo que está ‘sobrecarregado” é “lento e desigual”.

“As crianças são, muitas vezes, mantidas atrás das grades – em centros de detenção ou sob custódia policial – devido às lacunas na proteção da criança”, diz um relatório da UNICEF sobre a matéria.

Há, de facto, 10,000 crianças refugiadas desaparecidas?

A responsável pela MCE garante que, segundo a Europol, “10.000 crianças refugiadas desapareceram do radar”: http: //www.euronews.com/2016/01/31/10000-refugee-children-are-missing-says-europol/.

Segundo Delphine Moralis a polícia federal da Alemanha reportou o desaparecimento de 8.600 crianças refugiadas, enquanto mais de metade das 1.800, que chegou a uma estância costeira sueca, fugiu.

Para Moralis o importante não é se são “10.000 ou 12.000”, o seu desaparecimento “é um problema que devemos, realmente, tentar resolver”. A responsável pela MCE acrescenta: “Acho que [o aumento do número de crianças desacompanhadas] muda o discurso que devemos ter sobre a situação dos migrantes. É cada vez mais uma crise infantil em vez de uma crise de migrantes e acho que devemos focar-nos nisso.”

Porque se sentem, as crianças, impelidas a fugir?

Moralis diz que a ONG para a qual trabalha estudou sete países daMoralis diz que a ONG para a qual trabalha estudou sete países da UE e que constatou que a maioria não tem preparação para evitar que as crianças desapareçam. Também diz que o número de pessoas que apoia as crianças não é suficiente. Diz que, em Itália e na Grécia, o sistema para encontrar os responsáveis pelas crianças não estava a funcionar, enquanto a Human Rights Watch assinala problemas idênticos na Suécia e na Alemanha.

A UNICEF, por sua vez, fala de uma desconfiança nas autoridades ou na longa espera para que os seus casos sejam tratados o que leva as crianças a fugirem.

Moralis fala de uma outra questão. A cada vez maior ligação entre os traficantes que trazem as crianças para a Europa e os que as exploram – trabalho ou sexo – quando elas chegam.

O que é que está a ser feito?

Foi pedido, no ano ado, aos Estados-membros da UE que realojassem cerca de 100.000 refugiados que estavam em Itália e na Grécia, tendo como prioridade as crianças que estavam sozinhas. Mas apenas dois por cento do total foi realojado noutros países, incluindo 23 jovens/crianças desacompanhadas.

Áustria, Croácia, Hungria, Polónia e Eslováquia ficaram totalmente de fora. Para Moralis “é frustrante”. “Eu acho que é preocupante ver que a Europa, que é construído sobre valores, está a deixar um grande grupo de crianças ao frio. Não acho que estejamos a olhar para isto da maneira certa. A proteção das crianças faz parte dos tratados da UE e eu acho que devemos lembrar-nos que temos a obrigação de protegê-las e que todas as crianças são iguais sejam migrantes ou não. Há uma falta, generalizada, de consciência de que se trata de crianças muito jovens que se encontram em situações muito vulneráveis.”

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