{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2014/04/18/juan-manuel-santos-espero-por-termo-ao-conflito-que-faz-a-colombia-sangrar-ha-" }, "headline": "Juan Manuel Santos: \u0022Espero por termo ao conflito que faz a Col\u00f4mbia sangrar h\u00e1 50 anos\u0022", "description": "Juan Manuel Santos: \u0022Espero por termo ao conflito que faz a Col\u00f4mbia sangrar h\u00e1 50 anos\u0022", "articleBody": "O Governo colombiano e as FARC, For\u00e7as Armadas Revolucion\u00e1rias da Col\u00f4mbia, discutem h\u00e1 v\u00e1rios meses, em Cuba, a possibilidade de alcan\u00e7ar um acordo de paz. Juan Manuel Santos, o Presidente colombiano, falou \u00e0 Euronews sobre este tema e ajuda a compreender melhor o que se a no pa\u00eds.A figura do herdeiro pol\u00edtico do Presidente \u00c1lvaro Uribe \u00e9 indissoci\u00e1vel da luta contra a guerrilha. 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Mas repito: espero terminar este ano os acordos para por termo ao conflito que faz a Col\u00f4mbia sangrar h\u00e1 50 anos.Alberto de Filippis, Euronews: Em maio h\u00e1 elei\u00e7\u00f5es presidenciais. Acha que negociar em altura de elei\u00e7\u00f5es pode ser um problema?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: No in\u00edcio julguei que pudesse ser um problema, mas uma elei\u00e7\u00e3o \u00e9, ao fim e ao cabo, a escolha de uma pol\u00edtica. E o povo ter\u00e1 de escolher se quer ou n\u00e3o a paz. De certa forma estas elei\u00e7\u00f5es est\u00e3o a converter-se numa esp\u00e9cie de referendo a favor ou contra a paz.Alberto de Filippis, Euronews: Disse que todas as partes ter\u00e3o de fazer sacrif\u00edcios. Pode adiantar-nos alguma coisa sobre os termos destes sacrif\u00edcios? Quer dizer, as FARC n\u00e3o v\u00e3o pedir perd\u00e3o? Afinal de contas as pessoas n\u00e3o sabem o que se est\u00e1 a negociar.Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Todos teremos de pedir perd\u00e3o. Porque todos, de uma ou de outra forma, somos respons\u00e1veis por este conflito de 50 anos. N\u00e3o posso referir-me a pontos espec\u00edficos, h\u00e1 acordos de confidencialidade com a outra parte. O que posso dizer \u00e9 que qualquer resultado deste processo ser\u00e1 submetido ao povo colombiano, para que seja o povo a decidir se aceita ou n\u00e3o o acordo. E isso \u00e9 uma garantia democr\u00e1tica que colocamos no processo.Alberto de Filippis, Euronews: Recebemos algumas quest\u00f5es no hashtag do twitter #asksantos. Pergunta de Daniel: \u201cDisse que se atacarem uma figura importante o processo de paz explode. Pol\u00edcias e soldados assassinados pelas FARC, esta \u00e9 a pergunta, n\u00e3o s\u00e3o figuras importantes?\u201dRecordo que h\u00e1 ataques quase di\u00e1rios em v\u00e1rios departamentos contra as for\u00e7as armadas.Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: \u00c9 que a guerra continua e dissemos que haver\u00e1 cessar-fogo quando firmarmos os acordos, n\u00e3o antes. De maneira que, infelizmente, continuaremos esta guerra at\u00e9 terminarmos o processo. Enquanto isso haver\u00e1, como em todas as guerras, mortos de ambos os lados. Mas julgo que essa \u00e9 uma forma mais r\u00e1pida de alcan\u00e7ar acordos. N\u00e3o quero que o conflito se prolongue indefinidamente. Por isso, n\u00e3o aceito um cessar-fogo. Porque, al\u00e9m disso a guerrilha aproveitou sempre o cessar-fogo para se fortalecer e continuar. Nesta fase eu quero terminar definitivamente com o conflito.Alberto de Filippis, Euronews: Quer dizer que se pode discutir em Cuba ainda que se registem opera\u00e7\u00f5es militares na Col\u00f4mbia?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Sim. Aprendi isto com um antigo primeiro-ministro israelita, que disse uma vez: negoceio a paz com o terrorismo \u2013 referia-se aos palestinianos, como se n\u00e3o houvesse terrorismo \u2013 mas combato o terrorismo como se n\u00e3o houvesse processo de paz. De certa forma estamos a fazer isto aqui na Col\u00f4mbia, porque estou convencido que \u00e9 a forma mais r\u00e1pida de acabar com o conflito.\u201dAlberto de Filippis, Euronews: Outro internauta, Abiel Sneyde, escreveu-nos: Sr. Presidente, se \u00e9 contra a reelei\u00e7\u00e3o e quer aboli-la, porque \u00e9 que se recandidata? N\u00e3o \u00e9 uma contradi\u00e7\u00e3o?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: N\u00e3o, porque neste momento \u00e9 o que a Constitui\u00e7\u00e3o oferece e julgo que o pa\u00eds merece a paz. Estamos a avan\u00e7ar, ao ponto de que seria de extrema irresponsabilidade deixar as coisas a metade do caminho. Temos de terminar a tarefa. Temos de terminar o jogo e o jogo da paz tem de ser terminado na Col\u00f4mbia.Alberto de Filippis, Euronews: Disse que poder\u00edamos ver alguns elementos das FARC sentados no Parlamento? Quando?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Est\u00e1 por negociar. Faz tudo parte do que estamos a discutir em Havana. Faz parte do que cham\u00e1mos de \u201cjusti\u00e7a transit\u00f3ria\u201d, e temos de sentar-nos para ver em que condi\u00e7\u00f5es isso poder\u00e1 acontecer, em que circunst\u00e2ncia e em que altura. Alberto de Filippis, Euronews: Julga que ser\u00e1 aceite pelas pessoas?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Falando individualmente de cada ponto, as pessoas reagem contra por causa do que o povo colombiano sofreu com as FARC. Se perguntar aos colombianos: quer que as FARC participem na pol\u00edtica? Dir\u00e3o que n\u00e3o. Se preguntar: quer que as FARC tenham algum tipo de benif\u00edcio jur\u00eddico? A resposta \u00e9 n\u00e3o. \u00c9 natural, \u00f3bvio. Mas se fizer um pacote completo e disser aos colombianos: esta \u00e9 a paz e estes s\u00e3o os benef\u00edcios da paz. A alternativa \u00e9 continuar outros 20, 30, 50 anos de guerra. N\u00e3o tenho a menor d\u00favida. Estou certo que o povo colombiano vai escolher a via da paz.Alberto de Filippis, Euronews: Julga que se pode vencer a guerra contra o narcotr\u00e1fico?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Nos \u00faltimos anos tivemos um \u00eaxito relativo. Talvez sejamos o pa\u00eds que mais sofreu na luta contra o narcotr\u00e1fico nos \u00faltimos 40 anos. O que fez mais sacrif\u00edcios, o que teve mais derrame de sangue. O que pagou o pre\u00e7o mais alto. Ao mesmo tempo fomos o pa\u00eds que, de forma relativa, teve mais \u00eaxito. Conseguimos desmantelar os grandes cabecilhas, os grandes cart\u00e9is. Reduzimos o cultivo de coca\u00edna, mas o neg\u00f3cio continua. E por isso disse ao mundo inteiro: temos de discutir formas alternativas, mas efetivas, porque a guerra contra a droga que se declarou nas Na\u00e7\u00f5es Unidas h\u00e1 40 anos n\u00e3o foi ganha. E estamos todos a pagar um pre\u00e7o muito alto. A Col\u00f4mbia tem autoridade moral para come\u00e7ar esta discuss\u00e3o como fizemos. Julgo que felizmente o mundo come\u00e7a a faz\u00ea-lo, a discutir esta situa\u00e7\u00e3o, porque \u00e9 um problema global. N\u00e3o \u00e9 um problema exclusivo da Col\u00f4mbia.Alberto de Filippis, Euronews: A palavra \u201clegaliza\u00e7\u00e3o\u201d faz, ou poderia fazer, parte do seu discurso pol\u00edtico apesar do que se est\u00e1 a ar em pa\u00edses que est\u00e3o a legalizar as drogas leves?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: N\u00e3o o excluo. O que disse \u00e9 que temos de encontrar alternativas de forma conjunta. Os pa\u00edses, de forma isolada, n\u00e3o v\u00e3o encontrar uma solu\u00e7\u00e3o que conven\u00e7a todos. Por isso, a discuss\u00e3o tem de ser multilateral. H\u00e1 dois extremos: o extremo que designei de \u201cextremo asi\u00e1tico\u201d, ou seja, onde at\u00e9 os pr\u00f3prios consumidores v\u00e3o para a cadeia e os narcotraficantes (em alguns pa\u00edses) arriscam penas de morte. O outro extremo \u00e9 a legaliza\u00e7\u00e3o. Pelo meio h\u00e1 todo o tipo de combina\u00e7\u00f5es. Isto \u00e9 o que temos todos de discutir com bases reais, objetivas, porque esta \u00e9 uma discuss\u00e3o imediatamente polariz\u00e1vel. Coloca imediatamente as pessoas entre um ou outro lado da pol\u00edtica. Fui criticado por, enquanto presidente em exerc\u00edcio, ter colocado esta discuss\u00e3o a n\u00edvel mundial. Julgo que esta cr\u00edtica \u00e9 infundada. O mundo precisa discutir isto e a Col\u00f4mbia tem a autoridade moral para lan\u00e7ar esta discuss\u00e3o.Alberto de Filippis, Euronews: N\u00e3o se pode tentar entender a guerra contra o narcotr\u00e1fico, que ocorreu na Col\u00f4mbia, se n\u00e3o se entender o sofrimento dos colombianos. Tamb\u00e9m a sua fam\u00edlia, com o seu irm\u00e3o, sofreu a viol\u00eancia desta guerra. O senhor foi tamb\u00e9m ministro da Defesa no Governo de \u00c1lvaro Uribe e fez frente \u00e0s FARC com v\u00e1rias opera\u00e7\u00f5es militares. Poder\u00edamos pensar que a pol\u00edtica do antigo presidente \u00c1lvaro Uribe \u00e9 diferente da pol\u00edtica atual? O que gostaria de saber \u00e9 se Juan Manuel Santos mudou de ideia?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: N\u00e3o mudei de ideia, de todo. Sei fazer guerra. Fi-la, perdoe-me a falta de mod\u00e9stia, mas ningu\u00e9m teve tanto sucesso em combater a guerrilha, os chefes do narcotr\u00e1fico, os grupos criminais, como eu. O meu Governo tem o recorde mais contundente nesta guerra de resultados efetivos. E quando fui ministro da Defesa, com a minha chegada, pelas mudan\u00e7as que fizemos, come\u00e7ou-se a atacar em for\u00e7a as cabe\u00e7as e a organiza\u00e7\u00e3o, a estrutura central destas organiza\u00e7\u00f5es. Mas a guerra faz-se com um fim. Para mim o fim de uma guerra foi sempre a paz. A paz \u00e9 a vit\u00f3ria da guerra. Julgo que nenhum soldado combate por combater, seja onde for. Combate para conseguir alguma coisa, para conseguir a paz. Por isso n\u00e3o mudei de forma alguma a maneira de pensar. As circunst\u00e2ncias permitiram-nos iniciar um processo para que acabemos a guerra atrav\u00e9s do di\u00e1logo e da negocia\u00e7\u00e3o. Como acabam todas as guerras em qualquer parte do mundo. A certa altura as partes envolvidas t\u00eam de sentar-se para determinar o fim do conflito. \u00c9 o que estamos a fazer na Col\u00f4mbia. N\u00e3o mudei de ideia. Al\u00e9m disso \u00e9 mais popular, digo-o com franqueza, fazer a guerra do que construir a paz. Construir a paz \u00e9 muito mais dif\u00edcil. Defrontamo-nos com todo o tipo de inimigos, com interesses de todo o tipo que querem e preferem continuar a guerra, como \u00e9 o caso do meu antecessor. Mas estou convencido de que o que estamos a fazer \u00e9 correto e \u00e9 o que conv\u00e9m \u00e0 Col\u00f4mbia. A minha gera\u00e7\u00e3o n\u00e3o conheceu um s\u00f3 dia de paz. E digo aos meus compatriotas: fechem os olhos e imaginem a Col\u00f4mbia em paz. Imaginem deixar aos nossos filhos um pa\u00eds em paz. \u00c9 algo espetacular, algo maravilhoso. Julgo que vamos conseguir.Alberto de Filippis, Euronews: Apesar desta situa\u00e7\u00e3o a economia colombiana cresce 5% ao ano. Qual \u00e9 o segredo?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: O segredo \u00e9 ter pol\u00edticas adequadas. Desde o primeiro dia de Governo sab\u00edamos que t\u00ednhamos de fazer uma s\u00e9rie de reformas fiscais, que t\u00ednhamos de focalizar a despesa p\u00fablica em certos setores, estimular a economia, baixar a infla\u00e7\u00e3o. E veja o que conseguimos. Apesar do conflito, a Col\u00f4mbia \u00e9 o pa\u00eds da Am\u00e9rica Latina, que mais emprego gerou nos \u00faltimos tr\u00eas anos e meio. \u00c9 o pa\u00eds com a infla\u00e7\u00e3o mais baixa de toda a Am\u00e9rica Latina. Temos uma taxa de investimento de quase 30%, entre as mais altas, sen\u00e3o a mais alta de toda a Am\u00e9rica Latina, reservas de moeda estrangeira muito altas. A d\u00edvida p\u00fablica est\u00e1 a baixar e o investimento estrangeiro sobe cada vez mais. Isto coloca-nos entre as economias de maior sucesso n\u00e3o s\u00f3 na Am\u00e9rica Latina como entre todos os pa\u00edses emergentes. E isso deve-se \u00e0 continuidade das pol\u00edticas, \u00e0 responsabilidade com que gerimos a economia: com a austeridade e a focaliza\u00e7\u00e3o suficientes, para que a economia prossiga a sua din\u00e2mica.E dou-lhe uma not\u00edcia adicional: com a paz estima-se que a economia cres\u00e7a cerca de 2% mais em rela\u00e7\u00e3o ao que est\u00e1 a crescer agora.Alberto de Filippis, Euronews: Falemos tamb\u00e9m de pol\u00edtica internacional: Venezuela. Quais s\u00e3o as rela\u00e7\u00f5es com este pa\u00eds e com o Presidente Nicol\u00e1s Maduro?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Eu era um inimigo ac\u00e9rrimo do presidente Ch\u00e1vez. Insult\u00e1vamo-nos todos os dias. Quando cheguei \u00e0 presid\u00eancia, refleti sobre o seguinte: ele \u00e9 o Presidente da Venezuela, foi eleito Presidente da Venezuela, e eu sou Presidente da Col\u00f4mbia. Temos 2200 quil\u00f3metros de fronteira comum e dependemos muito um do outro. Um pa\u00eds do outro pa\u00eds. Por isso, liguei-lhe, sent\u00e1mo-nos como estamos n\u00f3s dois agora. Disse-lhe: Presidente Ch\u00e1vez nunca estaremos de acordo em muitas coisas. Somos muito diferentes. Mas temos responsabilidades com os nossos povos. O senhor com o povo venezuelano e eu com o povo colombiano. Em nome desta responsabilidade por que n\u00e3o, respeitando as nossas diferen\u00e7as, deixamos de insultar-nos em p\u00fablico, atrav\u00e9s dos meios de comunica\u00e7\u00e3o social. N\u00e3o t\u00ednhamos rela\u00e7\u00f5es comerciais, n\u00e3o t\u00ednhamos rela\u00e7\u00f5es diplom\u00e1ticas, fal\u00e1vamos at\u00e9 de guerra. E disse-lhe: respeitemos as diferen\u00e7as, trabalhemos juntos no que podemos trabalhar juntos e solucionamos qualquer diferen\u00e7a pela via diplom\u00e1tica e em privado. Desde esse momento, a 10 de agosto de 2010, no local onde morreu Bolivar, as rela\u00e7\u00f5es foram muito boas, sem estarmos de acordo em muitas coispt-euronews.diariomineiro.net o presidente Maduro estamos a manter este \u201cmodus operandi\u201d. A Col\u00f4mbia est\u00e1 a fazer o que qualquer chefe de Estado tem de fazer nas rela\u00e7\u00f5es internacionais: combinar os princ\u00edpios com os seus interesses. Esta combina\u00e7\u00e3o permitiu-nos participar juntamente com o Brasil, Equador e Vaticano na promo\u00e7\u00e3o do di\u00e1logo entre a oposi\u00e7\u00e3o na Venezuela e o Governo, para tentar encontrar regras do jogo, que lhes permitam continuar a avan\u00e7ar sem que o pa\u00eds sofra. Porque o que se a na Venezuela afeta os colombianos.Alberto de Filippis, Euronews: A Col\u00f4mbia foi sempre um dos melhores aliados dos Estados Unidos na Am\u00e9rica do Sul. Qual \u00e9 o estado atual das rela\u00e7\u00f5es entre Washington e Bogot\u00e1?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Magn\u00edficas. Tivemos uma reuni\u00e3o com o presidente Obama h\u00e1 uns meses. Dissemo-nos mutuamente: somos parceiros estrat\u00e9gicos, consideramo-nos os melhores amigos dos Estados Unidos na Am\u00e9rica Latina e n\u00e3o temos problemas em diz\u00ea-lo.Alberto de Filippis, Euronews: Apesar do que escreveu a imprensa, por exemplo no Brasil, de que o Estados Unidos teriam espiado a Col\u00f4mbia?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Espiaram outros pa\u00edses. Os Estados Unidos foram aliados em mat\u00e9ria de intelig\u00eancia. Espi\u00e1mos juntos, mas espi\u00e1mos os nossos inimigos comuns. Por isso n\u00e3o h\u00e1 problema com os Estados Unidos.Alberto de Filippis, Euronews: E quais s\u00e3o as rela\u00e7\u00f5es com a Uni\u00e3o Europeia? H\u00e1 v\u00ednculos mais fortes com alguns pa\u00edses? Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Sim, com a Uni\u00e3o Europeia temos rela\u00e7\u00f5es magn\u00edficas. J\u00e1 temos um tratado de com\u00e9rcio livre que est\u00e1 em marcha. A Uni\u00e3o Europeia est\u00e1 a remover algo que apreciamos muito: os vistos. \u00c9 um gesto de amizade e reconhecimento que os colombianos agradecem do fundo do cora\u00e7\u00e3o. Claro que no seio da Uni\u00e3o Europeia existem pa\u00edses com os quais temos rela\u00e7\u00f5es especiais, Espanha desde logo. Reino Unido.Alberto de Filippis, Euronews: Acredita que o l\u00f3bi de Madrid impulsionou Bruxelas a eliminar os vistos para os colombianos?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Sim, Espanha teve muito que ver com isto. Mais ainda, Mariano Rajoy ligou-me, por coincid\u00eancia no meu dia de anos, e disse-me: vou fazer isto. E pressionou com a ajuda de outros pa\u00edses. Falei com muitos Presidentes e chefes de Governo, com a chanceler Merkel, e todos apoiaram esta iniciativa. Estou muito agradecido, porque todos os pa\u00edses apoiaram. \u00c9 um o muito importante e temos rela\u00e7\u00f5es magn\u00edficas, temos muito para fortalecer. Temos o que a Europa precisa e a Europa tem o que n\u00f3s precisamos.Alberto de Filippis, Euronews: Terminamos com uma pergunta futebol\u00edstica, que nos chega atrav\u00e9s do Twitter. O mundial aproxima-se e um telespetador pergunta-nos: Falc\u00e3o vai jogar?Juan Manuel Santos, Presidente da Col\u00f4mbia: Cruzo os dedos para que assim seja. Espero que sim. Vejo-o com muita vontade de jogar e para a recupera\u00e7\u00e3o, de acordo com o que me disseram os m\u00e9dicos. Metade est\u00e1 na cabe\u00e7a. E o Falc\u00e3o est\u00e1 a esfor\u00e7ar-se. Oxal\u00e1 nos possa acompanhar porque o nosso primeiro jogo \u00e9 contra um pa\u00eds da Uni\u00e3o Europeia, contra a Gr\u00e9cia, e infelizmente para a Uni\u00e3o Europeia espero que ganhemos n\u00f3s.", "dateCreated": "2014-04-18T20:21:28+02:00", "dateModified": "2014-04-18T20:21:28+02:00", "datePublished": "2014-04-18T20:21:28+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F264056%2F1440x810_264056.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Juan Manuel Santos: \u0022Espero por termo ao conflito que faz a Col\u00f4mbia sangrar h\u00e1 50 anos\u0022", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F264056%2F432x243_264056.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

Juan Manuel Santos: "Espero por termo ao conflito que faz a Colômbia sangrar há 50 anos"

Juan Manuel Santos: "Espero por termo ao conflito que faz a Colômbia sangrar há 50 anos"
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O Governo colombiano e as FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, discutem há vários meses, em Cuba, a possibilidade de alcançar um acordo de paz. Juan Manuel Santos, o Presidente colombiano, falou à Euronews sobre este tema e ajuda a compreender melhor o que se a no país.

A figura do herdeiro político do Presidente Álvaro Uribe é indissociável da luta contra a guerrilha. Santos, economista, abandonou o Partido Liberal e colocou-se ao serviço de Uribe. Foi nomeado ministro da Defesa em 2006. Mais tarde, em 2010, apresentou-se na corrida às eleições que acabou por vencer à segunda volta.

Vivenciou de perto a violência das FARC, com o rapto do irmão, mas Juan Manuel Santos acredita na via do diálogo com a guerrilha, motivo pelo qual Álvaro Uribe o considera um traidor.

Alberto de Filippis, Euronews: É possível dar-nos uma data para a do acordo de paz com as FARC? Disse, há algumas semanas, que o marco temporal está fixado neste ano. Está certo disso?

Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia: É o que espero e a isso mesmo aspiro. A experiência mostrou-nos que estabelecer datas fatais em processos tão complicados como o que estamos a trabalhar não é o mais conveniente. Mas repito: espero terminar este ano os acordos para por termo ao conflito que faz a Colômbia sangrar há 50 anos.

Alberto de Filippis, Euronews: Em maio há eleições presidenciais. Acha que negociar em altura de eleições pode ser um problema?

Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia: No início julguei que pudesse ser um problema, mas uma eleição é, ao fim e ao cabo, a escolha de uma política. E o povo terá de escolher se quer ou não a paz. De certa forma estas eleições estão a converter-se numa espécie de referendo a favor ou contra a paz.

Alberto de Filippis, Euronews: Disse que todas as partes terão de fazer sacrifícios. Pode adiantar-nos alguma coisa sobre os termos destes sacrifícios? Quer dizer, as FARC não vão pedir perdão? Afinal de contas as pessoas não sabem o que se está a negociar.

Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia: Todos teremos de pedir perdão. Porque todos, de uma ou de outra forma, somos responsáveis por este conflito de 50 anos. Não posso referir-me a pontos específicos, há acordos de confidencialidade com a outra parte. O que posso dizer é que qualquer resultado deste processo será submetido ao povo colombiano, para que seja o povo a decidir se aceita ou não o acordo. E isso é uma garantia democrática que colocamos no processo.

Alberto de Filippis, Euronews: Recebemos algumas questões no hashtag do twitter #asksantos. Pergunta de Daniel: “Disse que se atacarem uma figura importante o processo de paz explode. Polícias e soldados assassinados pelas FARC, esta é a pergunta, não são figuras importantes"> Notícias relacionadas

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