O Governo colombiano e as FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, discutem há vários meses, em Cuba, a possibilidade de alcançar um acordo de paz. Juan Manuel Santos, o Presidente colombiano, falou à Euronews sobre este tema e ajuda a compreender melhor o que se a no país.
A figura do herdeiro político do Presidente Álvaro Uribe é indissociável da luta contra a guerrilha. Santos, economista, abandonou o Partido Liberal e colocou-se ao serviço de Uribe. Foi nomeado ministro da Defesa em 2006. Mais tarde, em 2010, apresentou-se na corrida às eleições que acabou por vencer à segunda volta.
Vivenciou de perto a violência das FARC, com o rapto do irmão, mas Juan Manuel Santos acredita na via do diálogo com a guerrilha, motivo pelo qual Álvaro Uribe o considera um traidor.
Alberto de Filippis, Euronews: É possível dar-nos uma data para a do acordo de paz com as FARC? Disse, há algumas semanas, que o marco temporal está fixado neste ano. Está certo disso?
Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia: É o que espero e a isso mesmo aspiro. A experiência mostrou-nos que estabelecer datas fatais em processos tão complicados como o que estamos a trabalhar não é o mais conveniente. Mas repito: espero terminar este ano os acordos para por termo ao conflito que faz a Colômbia sangrar há 50 anos.
Alberto de Filippis, Euronews: Em maio há eleições presidenciais. Acha que negociar em altura de eleições pode ser um problema?
Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia: No início julguei que pudesse ser um problema, mas uma eleição é, ao fim e ao cabo, a escolha de uma política. E o povo terá de escolher se quer ou não a paz. De certa forma estas eleições estão a converter-se numa espécie de referendo a favor ou contra a paz.
Alberto de Filippis, Euronews: Disse que todas as partes terão de fazer sacrifícios. Pode adiantar-nos alguma coisa sobre os termos destes sacrifícios? Quer dizer, as FARC não vão pedir perdão? Afinal de contas as pessoas não sabem o que se está a negociar.
Juan Manuel Santos, Presidente da Colômbia: Todos teremos de pedir perdão. Porque todos, de uma ou de outra forma, somos responsáveis por este conflito de 50 anos. Não posso referir-me a pontos específicos, há acordos de confidencialidade com a outra parte. O que posso dizer é que qualquer resultado deste processo será submetido ao povo colombiano, para que seja o povo a decidir se aceita ou não o acordo. E isso é uma garantia democrática que colocamos no processo.
Alberto de Filippis, Euronews: Recebemos algumas questões no hashtag do twitter #asksantos. Pergunta de Daniel: “Disse que se atacarem uma figura importante o processo de paz explode. Polícias e soldados assassinados pelas FARC, esta é a pergunta, não são figuras importantes"> Notícias relacionadas