Crise em Gaza, pressão da UE a Israel e o que podem fazer os Estados europeus junto de Israel em debate, esta semana.
Alguns dos principais aliados europeus de Israel criticam publicamente o governo de Benjamin Netanyahu devido aos incessantes bombardeamentos contra Gaza e à proibição da entrada de ajuda humanitária no território. Ricardo Borges de Castro (especialista em assuntos europeus), João Albuquerque (ex-eurodeputado e especialista em assuntos europeus) e Vasco Pereira da Silva (jurista e especialista em políticas públicas) analisam a crise em Gaza.
Numa medida pouco comum, o Canadá, a França e o Reino Unido ameaçaram Israel com “ações concretas” se o país continuar a insistir na ofensiva militar. A medida parece ter surtido efeito, com Netanyahu a aceitar uma nova proposta de tréguas apresentada pelos Estados Unidos. João Albuquerque afirma: “Esta pressão poderá ser um volte-face na forma de atuação do governo de Netanyahu, sobretudo com a ameaça de revisão do acordo de cooperação entre a UE e Israel (...) Estamos perante um crime de genocidio e os Estados-membros da UE deveriam ter tido uma atuação mais forte de prevenção desta calamidade.”
Vasco Silva destaca que “é muito importante que os Estados-membros da UE sejam afirmativos porque o direito internacional não é negociável. Todos os Estados-membros da UE são partes da convenção de prevenção e repressão do genocídio. Estamos numa situação que já ultraou todos os limites, mas nada poderá ser feito, neste contexto, sem os EUA.”
Para Ricardo Borges de Castro, “esta é uma estratégia de sobrevivência política de Netanyahu. Há muitos israelitas descontentes com esta situação e a forma como tem sido gerida. E põe em causa a segurança futura de Israel (...) Concluímos que Israel violou acordos e depois não agimos... É possível suspender o acordo de preferências comerciais com Israel e isso pode ser aprovado por maioria qualificada.”
Em destaque neste debate está também a situação política na Hungria e o plano de financiamento de 150 mil milhões de euros para impulsionar a produção interna no setor da defesa. O plano SAFE foi proposto pela Comissão e aprovado pelo Conselho, utilizando um atalho jurídico que contorna o Parlamento Europeu. Os eurodeputados foram afastados do processo de decisão, desencadeando uma onda de críticas, mas nem todos parecem discordar desta medida. A questão da defesa é assim tão urgente para precisar de uma exceção às regras?