Washington ainda não reabriu formalmente a sua embaixada na Síria, que fechou em 2012, depois de os protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad terem sido objeto de uma repressão brutal, dando início à guerra civil no país.
Uma bandeira americana foi hasteada no exterior da residência do embaixador dos Estados Unidos em Damasco, há muito encerrada, na quinta-feira, num sinal de laços crescentes entre Washington e o novo governo sírio.
O embaixador dos EUA na Turquia, Tom Barrack, que também foi nomeado enviado especial para a Síria, visitou a capital, Damasco, para inaugurar a residência.
Durante a sua visita, Barrack encontrou-se com o presidente sírio Ahmad al-Sharaa e assistiu à de um acordo com um consórcio de empresas do Qatar, da Turquia e dos EUA para o desenvolvimento de um projeto de energia de 5 000 megawatts destinado a revitalizar grande parte da rede elétrica síria, devastada pela guerra.
Um consórcio liderado pela UCC Concession Investments do Qatar, juntamente com a Power International USA e as empresas turcas Kalyon GES Enerji Yatirimlari e Cengiz Enerji, desenvolverá quatro turbinas a gás de ciclo combinado com uma capacidade total de produção estimada em cerca de 4 000 megawatts e uma central de energia solar de 1 000 megawatts.
"Uma vez concluídos, estes projetos deverão suprir mais de 50% das necessidades de eletricidade do país", afirmou a UCC num comunicado
Washington quer estreitar laços com a Síria
Washington ainda não reabriu formalmente a sua embaixada em Damasco, que fechou em 2012, depois de os protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad, deposto há muito tempo, terem sido objeto de uma repressão brutal, levando o país a uma guerra civil.
Mas apesar das portas da embaixada continuarem fechadas, a visita de Barack e o hastear da bandeira dos EUA foram um sinal significativo do aquecimento das relações entre Damasco e Washington.
Inicialmente, Washington desconfiava dos novos líderes sírios, liderados por Ahmad al-Sharaa, antigo líder de um grupo revoltoso islâmico que os EUA ainda classificam como organização terrorista.
No entanto, a istração Trump, encorajada pelos aliados regionais Arábia Saudita e Turquia, tem mostrado, nas últimas semanas, uma abertura crescente para abraçar o novo governo sírio.
Trump teve uma reunião surpresa com al-Sharaa em Riade no início deste mês, quando embarcou na sua primeira visita ao Médio Oriente no seu segundo mandato de quatro meses. Após a viagem, os EUA começaram a reverter décadas de sanções impostas à Síria durante a dinastia al-Assad.
Durante a cerimónia de dos acordos no domínio da energia, Barack elogiou a "decisão corajosa" de levantar as sanções e afirmou que a medida não tem "condições nem requisitos".
Há apenas "uma expetativa simples e essa expetativa está atrás de mim, o alinhamento destes países fantásticos", disse, referindo-se às bandeiras dos EUA, Qatar, Turquia e Síria.
O departamento de Estado dos EUA publicou na quinta-feira uma declaração no X atribuída a Trump anunciando a nomeação de Barrack como enviado para a Síria.
"Tom compreende que existe um grande potencial em trabalhar com a Síria para acabar com o radicalismo, melhorar as relações e garantir a paz no Médio Oriente. Juntos, vamos tornar a América e o mundo novamente seguros!", diz o comunicado.
Em resposta, Barrack elogiou Trump num post no X pela sua "visão ousada, dando poder a uma região historicamente rica, há muito oprimida, para reclamar o seu destino através da auto-determinação".