O Papa aproveita frequentemente as suas intervenções de Natal para apelar à paz em todo o mundo, mas não há indícios de que queira substituir a quadra natalícia por um dia dedicado à paz.
Utilizadores das redes sociais afirmam que o Papa Francisco anunciou que a Igreja Católica vai celebrar uma "Festa da Paz" em vez do Natal deste ano. Algumas das mensagens partilham a afirmação com um link ou uma captura de ecrã de um artigo do jornal argentino El Cronista, que faz a mesma alegação.
Em última análise, não há provas de que o Papa tenha feito tal anúncio.
O artigo do El Cronista foi entretanto retirado e o jornal não respondeu aos nossos pedidos de comentário até ao momento da publicação deste artigo.
As publicações nas redes sociais que partilham as alegações também não apresentam qualquer prova e refazem teorias da conspiração já desmentidas que ligam o Papa ao satanismo e outras que afirmam que ele queria livrar-se do Natal para apaziguar os muçulmanos.
O Natal é uma das datas mais importantes do calendário da Igreja e uma parte central da doutrina cristã.
De facto, o Vatican News, o portal de notícias da Santa Sé, já publicou o calendário das liturgias do Papa durante a época natalícia.
O Papa começará o Jubileu da Esperança com uma missa na Basílica de São Pedro na véspera de Natal, altura em que abrirá a Porta Santa da Basílica do Vaticano.
Francisco fará depois o seu tradicional discurso e bênção Urbi et Orbi (em latim, "à cidade e ao mundo") no dia de Natal.
Outros eventos incluem a missa da festa de Santo Estêvão, a 26 de dezembro, celebrações na véspera e no dia de Ano Novo e a missa da Epifania, a 6 de janeiro.
"O Papa encerra a quadra natalícia com uma missa na Capela Sistina, a 12 de janeiro, por ocasião do Batismo do Senhor, conferindo o batismo a vários filhos de funcionários do Vaticano", afirmou o Vatican News.
Em lado nenhum é mencionada uma "Festa da Paz" - todas as liturgias do Papa se baseiam na celebração tradicional do Natal e na vida e primeira infância de Jesus Cristo.
É possível que tenha havido confusão entre as mensagens de Natal anteriores do Papa e a ideia de uma "Festa da Paz".
No ado, o Papa utilizou a sua mensagem de Natal como uma oportunidade para apelar à paz, estabelecendo paralelos entre a vida de Jesus e os acontecimentos atuais.
Por exemplo, no ano ado, afirmou que as crianças que morrem nas guerras, incluindo em Gaza e na Terra Santa, são os "pequenos Jesus de hoje", apontando para as suas infâncias que foram dizimadas pela violência.
No ano ado, o Papa também afirmou que os ataques israelitas estavam a provocar uma "terrível colheita" de civis e condenou os ataques do Hamas, apelando à libertação dos reféns israelitas detidos em Gaza.
No ano anterior, o Papa Francisco apelou ao fim da guerra "sem sentido" na Ucrânia, apelando à paz e à ajuda aos sem-abrigo, aos imigrantes, aos refugiados e aos pobres.