Incidentes na Alemanha, Letónia, Lituânia, Polónia e Reino Unido levaram a suspeitas de que Moscovo está a tentar sabotar os países europeus por apoiarem a Ucrânia contra a invasão russa.
A polícia antiterrorista britânica está a investigar se espiões russos colocaram um engenho num avião com destino ao Reino Unido, que mais tarde se incendiou num armazém em Birmingham, em julho.
O Guardian foi o primeiro a dar a notícia, dizendo que a encomenda terá chegado ao armazém da DHL por via aérea. Não se sabe para onde se dirigia.
O jornal acrescentou que ninguém ficou ferido no incêndio e que os bombeiros e o pessoal local controlaram o fogo.
Este caso vem na sequência de incidentes semelhantes ocorridos noutros países europeus nos últimos meses.
Outro pacote suspeito, que deveria ser entregue por via aérea, pegou fogo num outro armazém da DHL em Leipzig, também em julho.
Os investigadores estão a tentar verificar se existem ligações entre os dois incidentes, acrescentando que as encomendas poderiam ter derrubado os aviões se se tivessem incendiado em pleno voo.
Thomas Haldenwang, chefe dos serviços de informações internas da Alemanha, disse ao Parlamento do país na semana ada que o pacote de Leipzig "teria resultado num acidente" se tivesse começado a arder durante o voo.
A Rússia é o principal suspeito de ataques incendiários em todo o continente, que as autoridades consideram como actos de sabotagem.
"O papel de liderança do Reino Unido no apoio à Ucrânia significa que somos muito importantes na imaginação febril do regime de Putin, e devemos esperar ver atos contínuos de agressão aqui em casa", disse Ken McCallum, o chefe do MI5, o serviço de segurança do Reino Unido, na semana ada.
"O GRU [agência de informação militar russa], em particular, está numa missão sustentada para gerar o caos nas ruas britânicas e europeias."
"Assistimos a fogo posto, sabotagem e muito mais", acrescentou. "Ações perigosas, conduzidas com crescente imprudência".
O que mais foi atingido na Europa?
No início deste ano, a Polónia prendeu nove indivíduos por alegadamente agirem em nome da Rússia para cometer agressões físicas e fogo posto na cidade de Wrocław.
Um outro ataque incendiário a um armazém do IKEA, na Lituânia, foi também associado a operações do Kremlin, enquanto a Letónia alertou para potenciais atividades russas no país.
A primeira-ministra da Letónia, Evika Siliņa, alertou para possíveis operações russas no seu país, explicando que "o fogo posto é uma das formas mais típicas de diversão para os serviços especiais russos".
As suspeitas de McCallum de que os ataques parecem ser uma vingança pelo forte apoio da Europa à Ucrânia contra a invasão russa não são desprovidas de mérito.
Em mais incidentes este ano, um armazém londrino pertencente a uma empresa ligada à Ucrânia incendiou-se, tal como um centro comercial em Varsóvia.
Houve mesmo uma alegada conspiração russa para ass Armin Papperger, diretor executivo do fabricante alemão de armas Rheinmetall - uma empresa que se gaba de ser "um parceiro poderoso ao lado da Ucrânia" no seu site.
Pensa-se que a Rússia emprega indivíduos de nacionalidade europeia e com ligações ao crime organizado, recrutando-os através das redes sociais para manter os seus movimentos discretos.